Porém,
como o cenário em 2014 é de aperto no crédito, os bancos estão mais
rigorosos na concessão, principalmente para diminuir riscos de
inadimplência. Uma amostra disso está na 19ª pesquisa mensal de setembro
"Indicador de Atividade", do Simpi-SP (Sindicato da Micro e Pequena
Indústria)/DataFolha, que aponta que 39% das empresas estão sem capital
de giro suficiente e 45% estão no limite do risco do que precisam. Com a
dificuldade de crédito, 23% tiveram que tomar empréstimos (inclusive
pessoal ou pessoa física), sendo 16% para renegociar ou pagar dívidas.
"A redução do volume de dinheiro, ou seja, o enxugamento de R$ 13,4
bilhões do mercado pelos bancos e a elevação dos juros levaram as
pequenas a esse quadro", diz Joseph Couri, presidente do Simpi.
Com
as linhas de crédito do 13º não é muito diferente: com juros maiores do
que em igual período de 2013 (quando a faixa mínima era de 0,97%),
alguns bancos oferecem prazos menores ou emprestam só para correntistas
ou para quem tem folha de pagamento no banco.
EM PRAZO MENOR
Independente
do cenário, especialistas alertam: tomar crédito para pagar o 13º
salário sempre deve ser a última opção. O ideal é se planejar antes, já
que o abono é provisionado na planilha anual de gastos. "Com provisão
feita no início do ano, separando todo mês 1/12 (um doze avos) do valor
da folha do 13º mais encargos, evita-se o empréstimo no fim do ano",
ensina Tales Andreassi, coordenador do Centro de Empreendedorismo e
Novos Negócios (GVCenn) da FGV.
Silvio
Paixão, professor de finanças da Fundação Instituto de Pesquisas
Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), afirma que, se não der
para fugir do financiamento, o melhor é tomar o crédito no menor prazo
possível para pagar menos juros. Também é bom se relacionar com pelo
menos um banco privado e um público para negociar taxas - além de
antecipar o orçamento e prever as vendas dos próximos seis a doze meses.
"Ou então é se submeter ao custo, e 'deixar de ser piloto para virar
passageiro' do seu negócio", frisa.
Para
"ajudar", a taxa básica da economia (Selic) acaba de subir 0,25 ponto
percentual; por isso as MPEs precisam ficar ainda mais atentas a duas
"regras de ouro" para não desequilibrar seu fluxo de caixa com o crédito
para pagar o 13º, diz o professor da Fipecafi. "Pegar dinheiro
emprestado no Brasil é mais caro do que o retorno que a empresa dá, e
qualquer lucro que for gerado vai para o credor". Por isso, nesse
momento de transição econômica do País, o ideal é as MPEs estimarem
vendas 15% abaixo do esperado, e despesas 10% acima do que se planejou.
"Vai ter ajuste e o empresário, em especial o pequeno, deve se preparar.
Ou a situação será mais trabalhosa, e no pior dos cenários, pode virar o
caminho mais rápido da falência", conclui.
Fonte: Diário do Comércio